sábado, 27 de fevereiro de 2016

A semântica das expressões idiomáticas

   São muitas as expressões idiomáticas, em língua portuguesa, usadas em sentido contrário. Esses dias, ao passar por uma cerca de alta tensão, aqui perto de casa, li a seguinte inscrição: “Não se aproxime, risco de vida”. Se não fosse pela figura da caveira presente na placa e pela certeza de que nascemos só uma vez, poderia deduzir que, ao tocar na grade de metal, nasceria de novo. Sendo assim, risco de vida só devemos usar quando um bebê está prestes a nascer. Depois de nascido, todos nós só corremos um risco: o de morte! Outra expressão que causa estranheza aos ouvidos apurados é a expressão “correr atrás do prejuízo”. Pessoa esperta e sã que se preze corre sempre atrás de lucros, não é mesmo? 
     Em outro caso particular, presenciei minha advogada trocar certa expressão idiomática  e mudar todo o sentido daquilo que eu gostaria que fosse dito e daquilo que, certamente, ela gostaria de dizer. Na audiência, a advogada afirmou ao juiz que a lei iria "de encontro" ao cliente dela, no caso, de encontro a mim. Sem dúvida a ideia pretendida ali era a de dizer que a lei se fazia favorável a mim; no enanto, sem querer, ela acabou dizendo o oposto. A expressão que deveria ser empregada naquele contexto era “ao encontro”, que é o mesmo que ir a favor. 
  Felizmente venci a causa. O desvio deve ter passado despercebido, também, pelo juiz, sem que fosse preciso que eu interviesse no discurso. Mas depois, discretamente e só para ela, comentei o desvio à gramática.

É isso!


Abraços a todos! Assim, sem o acento indicativo de crase. 

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